sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O Ipê a beira da estrada


A perfeição que podemos ver na natureza é tão simples que muitas vezes não a enchergamos. Não sei se isso acontece com algumas pessoas ou acontece só comigo, não sei se isso acontece pelo modo como fui criada, mas todas as vezes que sinto o vento bater em minha face me lembro de DEUS e consequentemente sinto que ele é a natureza em mim. Quantas vezes deixamos de lado as pequenas coisas, quantas belezas não passam desapercebidas diante dos nossos olhos porque estamos sempre correndo, estressados, sempre esbarrando nas coisas e deixando de voltar o olhar para aquilo que realmente interessa.
Foi um texto do maravilhoso Padre Fábio que me fez perceber melhor que devemos pedir calma a nós mesmos, este texto a seguir nos ajuda a fazer isso.


O ipê à beira da estrada.

"Não quero perder a capacidade de admirar as belezas do mundo. O ipê florido à beira da estrada é um imperativo que reconheço bíblico. Nele há uma fala de Deus me pedindo calma. A sacralidade da vida ganhou voz em estruturas singelas, e solicita que eu me proste.

É santo o que os meus olhos enxergam. A cor amarela encontra moldura no azul dos contornos do céu. Ao longe, o verde completa o quadro. Paira sobre a cena um mistério raro, como se houvesse uma névoa a me recordar que a raridade da beleza é uma epfania divina.

O meu desejo é deixar de seguir o caminho que me leva ao meu destino. Impossibilitado da parada, ouso diminuir a marcha. Quero a cena dentro de mim. Ouso rezar a Deus que me permita registrar na memória a beleza que não posso aprisionar.

Olho para os que passam. A velocidade dos carros não permite que os seus ocupantes vejam o que vejo. Eles estão privados da mística que só pode ser compreendida quando os passos perdem a pressa. Estão ocupados demais com suas urgências práticas. É preciso chegar. Há muitas iniciativas a serem tomadas e o tempo não pode ser perdido.

Enquanto isso, o ipê se ocupa de sua florada amarela. Cumpre no tempo a proeza de ser um sentido oculto e deslumbrante para os distraídos que o percebem.

Nele há uma pequena parte da beleza do mundo que tive a graça de descobrir. E só por isso diminuí o ritmo da minha vida.

Olhei com calma para sua beleza e nele percebi o sorriso do Criador. Sorriso de Pai, que vez em quando, faz questão que seus filhos diminuam suas velocidades para uma breve brincadeira redentora.


Eu aceitei. Brinquei com Ele. Fiquei mais feliz!"

Por Padre Fábio de Melo

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